A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). E falar em suicídio não é falar sobre algo pesado, mas chamar atenção para uma questão de saúde pública. Pensando nisso, desde 2015, o mês de setembro é dedicado à prevenção e a construção de medidas saudáveis para discutir o tema — deixando de lado qualquer tipo de preconceito.

A partir deste domingo (1º), apoiaremos a campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Suicídio é uma questão de saúde pública

Ao todo, são 800 mil registros anuais de suicídio, segundo a OMS. Embora tenha forte componente individual, determinantes sociais – como questões econômicas – também têm influência em diversos casos investigados. Episódios de suicídio são registrados em todos os países, mas segundo dados da OMS, 75% dos episódios ocorreram em nações de baixa e média renda em 2012.

Nas últimas décadas, em particular desde o ano 2000, várias estratégias nacionais de prevenção ao suicídio vêm sendo desenvolvidas. Elas abarcam diversas medidas, como a vigilância, a restrição aos meios utilizados para consumar o suicídio, as diretrizes para os meios de comunicação, a redução do estigma e a conscientização da população, assim como a capacitação dos profissionais de saúde, educadores, polícias e outros. Também incluem serviços de intervenção em casos de crises e serviços posteriores.

O suicídio é um tema complexo, com uma multiplicidade de fatores intervenientes, portanto, não há apenas uma resposta para esse problema. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre austeridade e saúde diagnosticou, a partir da análise de diferentes estudos, que as crises econômicas e o consequente aumento do desemprego aumentam o risco de suicídio e de mortes decorrentes do abuso de álcool. Falta de esperança, dificuldades de se enquadrar no ambiente social e econômico são problemas continuamente apontados por pesquisadores da área.

Mesmo se tratando de um grave problema de saúde pública, os suicídios podem ser evitados se identificado em tempo prévio. No entanto, a própria organização reconhece que um dos grandes entraves à prevenção do suicídio é, justamente, a dificuldade de identificá-lo como uma questão de saúde pública.

Muitas vezes, o problema é estigmatizado e afasta o paciente da busca por ajuda profissional e até mesmo familiar.

Porém, muitas vezes, o suicídio é evitável, já que mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a questões de saúde mental. Em 36% das vítimas de suicídio, existe o diagnóstico da depressão.

Manual para profissionais de saúde mental

O Ministério da Saúde lançou em 2006 a Portaria nº 1.876, de 14 de agosto de 2006, que institui Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a ser implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Ainda em 2006, lançou o Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental.

Este material encontra-se em processo de revisão e atualização, mas ainda é uma importante ferramenta para para profissionais das equipes de saúde mental dos serviços de saúde, com especial ênfase às equipes dos Centros de Atenção Psicossociais (Caps). Sua principal finalidade é a transmissão de informações básicas que possam orientar a detecção precoce de certas condições mentais associadas ao comportamento suicida, bem como o manejo inicial de pessoas que se encontrem sob risco suicida e medidas de prevenção.

Como um sério problema de saúde pública, a prevenção do comportamento suicida não é uma tarefa fácil. Uma estratégia nacional de prevenção, como a que se organiza no Brasil a partir de 2006, envolve uma série de atividades, em diferentes níveis, e uma delas é a qualificação permanente das equipes de saúde, uma das diretrizes desta proposta. Uma vez que várias doenças mentais se associam ao suicídio, a detecção precoce e o tratamento apropriado dessas condições são importantes na sua prevenção.

Confira aqui o documento na íntegra:

Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental