Entre 15 e 21 de março, foram 2.250 internações; média semanal histórica é de 250 a 300 hospitalizações nos meses de fevereiro e março, aponta a Fundação

O Brasil teve, na semana passada, 9 vezes o número de internações por insuficiência respiratória grave do que a média histórica semanal registrada para este período do ano, apontou estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na quinta-feira (26).

De acordo com a pesquisa, na semana entre os dias 15 e 21 de março, 2.250 pessoas foram internadas com a síndrome respiratória aguda grave. A média semanal em outros anos era de 250 a 300 internações para os meses de fevereiro e março.

A síndrome respiratória aguda grave pode ser causada por vários tipos de vírus, entre eles o novo coronavírus. Para o pesquisador Marcelo Gomes, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, muitos desses casos devem ser de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

“[O estudo] sugere que isso pode já estar associado à circulação do novo coronavírus, mas só vamos saber quando saírem os resultados laboratoriais”, afirmou Gomes.

“Mas isso já preocupa. Isso significa que nós já estamos colocando uma carga em cima da rede hospitalar extremamente elevada – muito acima do que a gente esperaria necessitar de leitos hospitalares para doenças respiratórias nesse período do ano”, alertou.

Gomes também destacou a importância das medidas de isolamento social para amenizar a disseminação do vírus.

“É fundamental que a população faça adesão massiva às campanhas de distanciamento social, para que a gente consiga frear o número de hospitalizações para que não entre em colapso no nosso sistema de saúde”, lembrou.

Nas 13 primeiras semanas do ano, segundo o Ministério da Saúde, 11.257 pessoas foram internadas por síndrome respiratória aguda grave no Brasil. Dessas, 391 tinham Covid-19, e 341 eram consideradas casos graves.

Com 3 mil casos de Covid-19 até esta sexta-feira (27), o Brasil ainda deve ver um aumento grande no número de infectados em abril.

“A previsão é de que nós vamos ter 30 dias difíceis”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. “Provavelmente nós estejamos aí na fase crítica da epidemia.”

Abril também é o mês em que, historicamente, aumenta muito o número de casos de dengue e gripe no país.

“Na China e na Itália, os surtos de influenza aconteceram antes dos picos de coronavírus. No Brasil, a curva de coronavírus vai acontecer no momento do pico de influenza“, lembrou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.

“Nós estamos com três epidemias simultâneas – dengue, coronavírus e influenza – próximas do seu pico. Aproveitem que estão em casa e limpem o quintal, eliminem focos de dengue e vacinem-se de acordo com o calendário”, pediu Oliveira.

Para melhorar a estrutura dos hospitais, o governo diz que 540 novos leitos de UTI já estão sendo instalados, e outros 1,5 mil estarão disponíveis para distribuição de acordo com a demanda dos estados.

Também na quinta (26), o Ministério da Saúde publicou uma edição extra do Diário Oficial com um chamamento para que empresas interessadas forneçam 15 mil ventiladores pulmonares e 5 mil camas motorizadas de forma emergencial.

A pasta diz que ainda não é possível fazer uma avaliação sobre o efeito das medidas de distanciamento social que foram adotadas em quase todo o país, porque ainda é o início da epidemia. “Mas eu não tenho dúvidas de que essas medidas irão influenciar de alguma maneira”, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.

O governo também proibiu, por 30 dias, o desembarque de estrangeiros no país por meio de portos. A medida completa as restrições já impostas nas fronteiras terrestres e nos aeroportos.

(Fonte: G1)