No Brasil, mais de um 1,5 milhão de trabalhadores de nível técnico/auxiliar da Saúde enfrentam diariamente não só milhares de novos casos e centenas de óbitos relacionados à Covid-19 nos hospitais e unidades de saúde, mas também encaram um cotidiano anônimo e, por vezes, de “invisibilidade” diante da própria equipe, suas instituições e a sociedade em geral. Embora executem serviços de extrema importância, pouco se sabe qual é o perfil e a real situação de trabalhadores técnicos, auxiliares e de apoio das equipes de Saúde. Preocupada em responder a essa lacuna, a Fiocruz lançará, no dia 14 de janeiro, a pesquisa inédita Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil.

A pesquisa considera trabalhadores invisíveis da Saúde os técnicos e auxiliares de enfermagem, de Raio X, de análise laboratorial, de farmácia, maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, pessoal de segurança, limpeza e conservação e agentes comunitários de saúde. O objetivo é analisar as condições de vida, o cotidiano do trabalho e a saúde mental dessa força de trabalho buscando as alterações a que tiveram que se submeter emergencialmente durante a pandemia.

“Essa legião de trabalhadores da Saúde está cotidiana e diretamente na linha de frente atendendo a mais de 8 milhões de contaminados pela Covid-19 e lidando com mais de 200 mil óbitos em todo o país. Além disso, estão expostos à infecção, sofrem com a morte de colegas, e boa parte está desprotegida de cuidados necessários, sem, de fato, ter voz e meios de expressar a real situação no cotidiano do seu trabalho e de sua vida pessoal, no que se refere à saúde física e mental”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Machado.

O questionário explora aspectos objetivos e subjetivos sobre como esses trabalhadores lidam com a pandemia em seu dia a dia: se o trabalhador teve Covid-19 e se sente protegido em seu ambiente de trabalho contra o coronavírus; se sofreu algum tipo de violência ou discriminação; o que mudou em sua rotina profissional durante a pandemia e se houve mudança da carga horária de trabalho; se há Equipamentos de Proteção Individual (EPI) disponíveis e se houve treinamento adequado para sua utilização; “Desejamos analisar em profundidade as condições de vida, o cotidiano do trabalho e a saúde mental dos trabalhadores de nível médio e auxiliar, o qual denominamos de trabalhadores invisíveis da saúde”, completou Machado.

Contexto da pesquisa

No Brasil, contabiliza-se mais de 2 milhões de trabalhadores de nível técnico, auxiliar e apoio, dos quais 1,5 milhão estão na linha de frente do enfrentamento à Covid-19. Cerca de 1.800 milhão são auxiliares e técnicos de Enfermagem; 230 mil são auxiliares e técnicos de Saúde Bucal; 29 mil são técnicos de Laboratório; 20 mil são técnicos de Nutrição; 85 mil são técnicos de Radiologia; além de milhares de trabalhadores que apoiam e dão suporte a essa força de trabalho em saúde, atuando diretamente na assistência (condutores de ambulância, maqueiros, pessoal da limpeza, manutenção, segurança, pessoal da administração e recepção, entre outros.

Durante a pandemia, esses trabalhadores lidam com a escassez de material EPI; infraestrutura precária; inadequadas condições de trabalho; ritmo de trabalho elevado e estressante; vínculo de trabalho precário; insegurança do e no trabalho; desconforto; desproteção no trabalho, entre outras questões.

Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil é um subproduto da pesquisa Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil, que já levantou dados sobre as condições de vida e trabalho de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo coronavírus.

“Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil” é um subproduto da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil”, que já levantou dados sobre as condições de vida e trabalho de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo coronavírus.

Instituições parceiras/apoiadoras

•    Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
•    Instituto Aggeu Magalhães (IAM-Fiocruz-PE)
•    Diretoria Fiocruz Brasília (DIREB)
•    Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict-Fiocruz)
•    Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG)
•    Internacional de Serviços Públicos – ISP-Brasil
•    Federação Interestadual dos Odontologistas – FIO
•    Associação Nacional de Auxiliares e Técnicos em Odontologia – Anato
•    Associação Nacional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem – ANATEN
•    Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS
•    Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS.

(Fonte: Fiocruz)