No dia 3 de dezembro, é celebrado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e a convidada da Roda de Conversa com a ABMT foi a Dra. Daniela Bortman, primeira mulher tetraplégica a se formar em Medicina, presidente da Comissão Técnica de Inclusão e Diversidade da ANAMT e Head de Saúde Ocupacional na Bayer. Ela ficou tetraplégica em 2006, no início da faculdade de Medicina, depois de sofrer um acidente de carro e ter uma lesão medula que a fez perder os movimentos imediatamente.

Na última quinta-feira (3), Daniela conversou com o médico do trabalho e conselheiro Técnico Científico da ABMT, Dr. Paulo Rebelo, sobre o tema “O papel do médico do trabalho na inserção da Pessoa Com Deficiência (PCD)”. Segundo ela, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é lembrete para toda a sociedade de que ainda temos uma longa jornada da sociedade no caminho da inclusão. A médica lembrou que, em um primeiro momento, foi impedida de retornar à faculdade depois do acidente.

“A faculdade dizia que minha condição física de tetraplegia era incompatível com a prática médica. Mas, ao longo da minha trajetória, fui descobrindo que grande parte do impeditivo é a desinformação. Muitas vezes a gente não sabe como fazer uma coisa, mas não significa que ela seja impossível”, refletiu.

Dra. Daniela contou que sua tetraplegia a permite mexer um pouco do braço esquerdo, e assim dirige uma cadeira de rodas. Devido a uma adaptação feita com uma caneta touch screen, consegue digitar e mexer no celular, mas tem dependência quase total para exercer as atividades do dia a dia. Dando seu próprio exemplo, a executiva falou sobre como o modelo biopsicossocial de deficiência aborda a integridade do indivíduo e o quanto a interação dele com o meio é capaz de ampliar ou mitigar sua deficiência.

Dr. Paulo, que tem 50 anos de experiência em voluntariado na causa, lembrou que o modelo biopsicossocial introduziu o conceito de barreiras, e que muitas vezes essas barreiras – físicas, culturais ou atitudinais – é que impedem a integração da pessoa com deficiência na sociedade. Dra. Daniela ressaltou que a barreira atitudinal e a falta de oportunidade e de informação são granes fatores que contribuem para a segregação:

“Esses fatores fazem com que todo o progresso e todo tipo de aprendizado que a gente possa vir a ter sejam desperdiçados por ignorância. É preciso entender que a deficiência é apenas mais uma característica da pessoa. Costuma brincar que a cadeira é só mais um acessório que compõe meu look do dia. O mundo tem muitas possibilidades e é a sociedade que ganha com a diversidade”.

Sobre acessibilidade física, os médicos do trabalho lembraram que ambientes acessíveis facilitam não só a vida da pessoa com deficiência, como de qualquer colaborador da empresa, uma vez que todos estamos sujeitos a ter, em algum momento de nossas vidas, uma incapacidade temporária.

“É importante que não só os ambientes estejam adaptados, como também as pessoas saibam conviver umas com as outras”, ressaltou Dra. Daniela.

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