A chegada do novo coronavírus acrescentou diversas dificuldades no dia a dia da população, mas uma parcela de 3,2% dos brasileiros sentiu a dificuldade de comunicação se acentuar: as pessoas surdas ou com perda parcial da audição. Na última quinta-feira (26/11), a Roda de Conversa da ABMT chamou a atenção para a importância de cuidar da saúde auditiva e de se buscar formas para melhorar a comunicação com esse público neste período de pandemia.

A conversa ao vivo sobre isolamento social contou com a participação da coordenadora do Departamento de Doenças Otorrinolaringológicas do Trabalho da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), médica do trabalho e otorrinolaringologista, Dra. Mara Gandara. A mediação ficou por conta do médico do trabalho e conselheiro Técnico Científico da ABMT, Dr. Paulo Rebelo.

De acordo com os dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou têm algum tipo de deficiência auditiva. Na Pesquisa Nacional de Saúde 2013, também do IBGE, cerca de 2,2 milhões de pessoas declararam ter deficiência auditiva. O grupo representa 1,1% da população brasileira.

Desde o início da pandemia, um hábito tem tomado conta do cotidiano de todo o mundo: a utilização de máscaras, uma rotina que traz implicações ainda mais desafiadoras para os surdos. A convidada explicou que há realidades variadas entre surdos e pessoas com deficiência auditiva, como aquelas que podem ser alfabetizadas em português, as que tem resquícios de audição e implantes, as que conseguem desenvolver a leitura labial, além da Libras (língua brasileira de sinais). O uso da máscara prejudica a comunicação em todos esses casos.

“Ao cobrir a boca, uma parcela importante da forma de comunicar se perde: a leitura labial, que normalmente é complementada pela linguagem de sinais”, apontou Dra. Mara.

Conforme um estudo publicado pela Hearing Review, revista que é referência na área, a máscara comum pode atenuar de 3 a 4 decibéis e a máscara N95, utilizada especialmente por profissionais da saúde, até 12dB, abafando o som e tornando a fala ininteligível para algumas pessoas com deficiência auditiva.

Para elas, o apoio da língua de sinais é muito importante, mas não consegue suprir a demanda de informação e ter o alcance necessário. É importante lembrar também que nem toda pessoa surda foi educada em Libras e sua comunicação primária se dê com auxílio de um aparelho auditivo, sempre associado à leitura labial.

Por isso, Dra. Mara apontou também dificuldades no atendimento ocupacional, onde o uso da máscara pelos médicos pode atrapalhar ainda mais. Para ela, as equipes de saúde precisam estar preparadas. “Em relação às pessoas com surdez ou deficiência auditiva, o ideal é que seus interlocutores tenham uma comunicação clara e pausada, de forma a facilitar a compreensão da voz”, comenta.

Atendimento em consultório

A especialista também abordou também medidas sanitárias para os consultórios durante a pandemia. Como sabido, é necessária a adoção de uma série de medidas adicionais, políticas e boas práticas internas que minimizem a exposição ao Covid-19, para impedir a propagação do vírus e garantir a saúde e segurança de médicos, funcionários e pacientes diante da pandemia que estamos enfrentando.

Considerando as vias de transmissão – por meio de gotículas respiratórias (expelidas durante a fala, tosse ou espirro) e também por contato direto com pessoas infectadas ou indireto por meio das mãos, objetos ou superfícies contaminadas –, as medidas de prevenção e controle devem ser implementadas em diversos momentos nos consultórios e clínicas: antes da chegada do paciente, na chegada, triagem, espera, atendimento e durante toda sua assistência.

Assista a conversa

Mais detalhes sobre o atendimento médico em tempos de isolamento social foram debatidos ao longo da conversa ao vivo. Clique abaixo para assistir o registro da transmissão em nosso Instagram.

Para acompanhar as próximas transmissões, basta seguir a ABMT no Instagram em @abmt_rio e assistir aos debate ao vivo. Já foram debatidos temas como a monitorização no retorno ao trabalho, revisão da legislação, PCMSO, entre outros.

 

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