Em mais uma edição, a roda de conversa da Comissão Interna de Saúde do Servidor Público – Cissp da Fundacentro abordou o tema “Saúde e Revitalização do Trabalho na Fundacentro: uma relação central para nossa conversa”. O analista e doutorando em Psicologia Emerson Moraes Teixeira, da Fundacentro, salientou a importância dos encontros, afetos e do coletivo no trabalho, sob mediação da tecnologista Maria Christina Felix.
A saúde e a revitalização do trabalho são essenciais para promover o bem-estar dos trabalhadores e, assim, garantir um ambiente de trabalho positivo e com oportunidades de crescimento.
“Pensar a revitalização do trabalho significa assumir alguns desafios inerentes a ele, necessários à dinâmica de produção de saúde. Muito importante lembrar que o trabalho, seja qual for, é uma produção coletiva que requer o manejo das controvérsias. Nele acontecem os encontros entre os diferentes. Trabalhadoras e trabalhadores trazem consigo repertórios diversos, experiências e saberes adquiridos ao longo de sua história”, salientou Emerson.
O analista realizou uma dinâmica ao som da música de Tom Jobim e Newton Mendonça – “Samba de uma nota só”, na qual os participantes puderam expressar como se sentiram afetados ao ouvirem a música.
“A música foi um instrumento disparador para provocar os participantes a experimentar os afetos, durante a audição. Na perspectiva de Baruck Espinosa, o Afeto não quer dizer carinho ou afago. Mas aquilo que mexe conosco, nos inquieta, nos mobiliza e nos potencializa a agir. Inquietação que produz questionamentos e alterações no pensar e no agir. A dinâmica do afetar e ser afetado, em Espinosa, consiste na possibilidade de conexão com dois tipos primários de afetos: alegria ou tristeza, os quais surgem a partir da interação entre as ideias e as circunstâncias que afetam uma pessoa”, salientou. O analista comentou ainda que os afetos são variações das potências internas de um indivíduo em resposta às causas externas.
Completou que “a experiência do afeto de alegria amplia nossa potência de agir na vida, no trabalho (participar de bons diálogos, bons debates, da concepção de um trabalho, ser tratado digna e respeitosamente, realizar uma viagem desejada, ter o esforço e trabalho reconhecidos). Enquanto a experiência do afeto de tristeza reduz nossa potência de agir e existir (receber tratamento desrespeitoso – assédios moral e sexual, ser isolado ou subaproveitado no trabalho, acometimento de enfermidade, perda de familiar)”.
Para ele, no trabalho vivemos a experiência da ampliação e redução de nossa potência de agir, a depender dos modos de funcionamento (práticas) da organização. Quando há espaço para o diálogo, respeito e participação, na construção de decisões, tendemos a agir para cooperar.
Afeto e a saúde no ambiente de trabalho
Emerson analisou que quando o ambiente de trabalho é positivo, inclusivo e solidário, os trabalhadores tendem a experimentar emoções positivas e motivacionais. Do contrário, um ambiente de trabalho negativo, com conflitos, falta de apoio ou práticas injustas, pode gerar emoções negativas e desencadear estresse, frustação e desengajamento. “As mudanças nos colocam na indagação do que eu estou produzindo no meu trabalho, nas minhas relações, no meu contato e comunicação com os colegas de trabalho”.
Para o doutorando em psicologia, “os movimentos dos trabalhadores em torno da luta pela saúde no trabalho, precisam ocorrer dentro de um Coletivo de Trabalhadores. “Esses movimentos não devem ser confundidos com agitação ou ajuntamento de pessoas. Pois exigem certo grau de articulação e organização. O Coletivo de Trabalhadores é resultante dos afetos experimentados no trabalho, de um Comum que emerge ou é criado na adversidade, no incômodo, no questionamento e na inquietação”.
De acordo com Teixeira, um importante desafio, talvez um dos maiores, que é manejar coletivamente as controvérsias inerentes ao trabalho. Tomando-as não como ação aniquiladora do outro, mas como possibilidade de produção de novas ideias e novas práticas no trabalho.
O afeto no ambiente de trabalho pode influenciar diversos aspectos da vida profissional, o que inclui o desempenho individual e coletivo, a produtividade, a criatividade, a satisfação no trabalho, a saúde mental e física de todos os funcionários da organização. Durante a roda de conversa, as opiniões dos participantes ficaram claras de que o apoio, a valorização e respeito são fundamentais para o desenvolvimento de um trabalho melhor e, sobretudo, para o sucesso da instituição como órgão importante na área de saúde e segurança no trabalho.
Conferência em saúde
Aproveitando a oportunidade do ciclo de palestras da Cissp voltada à saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras, o presidente Pedro Tourinho destacou a importância da Conferência Livre Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, realizada na Fundacentro, principalmente no que diz respeito à promoção do diálogo, troca de conhecimentos e na busca por soluções para os desafios que o Sistema de Saúde Único enfrenta.
Leia mais a respeito na matéria “Conferência Livre Nacional aprova 12 propostas voltadas para saúde do trabalhador e da trabalhadora“.
As pesquisadoras Maria Maeno e Thaís Helena Barreira também salientaram que a conferência em saúde tem o propósito de definir diretrizes e políticas em prol do setor. Além de envolver e conscientizar toda a sociedade em relação a questões de saúde.
Nomeado em maio deste ano como assessor da presidência da Fundacentro, Vitor Araújo Filgueiras participou do encontro e com a sua longa experiência na área da saúde e segurança no trabalho expressou a sua satisfação em poder contribuir com as ações e iniciativas da instituição na área de SST. As suas atividades serão desenvolvidas no Escritório Avançado do Estado da Bahia.
Fonte: Fundacentro